Dias 8, 9 & 10– Marraquexe, Estoi
A noite foi bem dormida na Medina. Enquanto o grupo foi acordando
ao seu ritmo fomos às` compras para o dia. Saímos da Medina para o carro e
depois para uma das saídas da cidade onde encontramos o supermercado de retalho
“Atacadão”, uma grande superfície tipo Makro onde compramos vários mantimentos
para os próximos dias, entre os quais vários tipos de azeitonas, tangerinas a
0,09€ e caixas de 24 madalenas a 1€.
Voltamos ao centro mas encontramos a estrada bloqueada na avenida
“Route de Fès” com um imenso aparato policial, fruto de algum evento importante
na cidade. Quando conseguimos passar voltamos à riad para descarregar as
compras.
Partimos para uma caminhada pelos vários bazares (souks) de
Marraquexe com paragens aqui
e ali por entre a multidão de gente que é normal por estas bandas. Depois de
muitas marroquinarias almoçamos num fast-food na praça Jemaa el-Fnaa. Visitamos a Medina nova que tem pouco interesse,
fizemos uma cache na avenida de acesso à praça. A praça Jemaa el-Fnaa, um dos
principais pontos turísticos da cidade, contava já com vários números de
animação de rua, tais como encantadores de serpentes, macacos presos com
correntes a posar para as fotografias, vários grupos musicais, bailarinos,
entre outros. Depois da passagem pela praça, voltamos aos bazares onde
compramos especiarias, tâmaras, pedras de índigo, mascaras entre outras coisas.
Passamos os dia nas ruas de Marraquexe. Á noite voltamos à riad onde fizemos um jantar em
família, comida tradicional de desenrascar: esparguete com salsichas com molho
bolonhês e queijo ralado. A acompanhar um chá verde e bolachas de chocolate
para a sobremesa.
No dia seguinte, depois do pequeno almoço,
começamos por visitar as tinturarias a céu aberto. Não deixam de ser
interessantes para os visitantes menos “nojentos”, mas nada que se compare à
espetacularidade das tinturarias de Fés, as mais famosas de Marrocos. Essas são
muito maiores do que as de Marraquexe e tem um impacto muito mais significativo
na vida daquela cidade. Ainda assim, estas valem uma visita, se houver estômago
para tal. Assim que saímos das tinturarias com o guia (pois só nos deixam
entrar com algum local que no final pede uns dirhams) fomos imediatamente
encaminhados para uma loja de peles (...de um amigo…) onde levamos com uma
apresentação de pufs, sandálias, malas e outros produtos feitos de pele.
Depois de uma breve apresentação dissemos simpaticamente que queríamos primeiro
dar uma volta pela medida. O senhor da loja não ficou lá muito agradado quando
percebeu que não ia fazer negócio, mas lá seguimos pela Medina.
O dia correu à semelhança do anterior passeando
pelos inúmeros bazares e percorrendo as ruas apinhadas de gente e algumas com
um trânsito de motas absurdo. Numa ocasião ficamos mesmo retidos no meio de uma
multidão porque uma mota triciclo, tipo Ape, emperrou o trânsito. Assistimos a
uma discussão tal que chegamos a temer pela vida :)
Voltamos à praça Jemaa el-Fnaa onde estava o movimento habitual. Depois de
deambularmos por ali durante algum tempo saímos em direção ao parque LallaHasna, passando pela mesquita da Koutoubia. No parque fizemos uma geocahche
curiosa. Quando andávamos com o GPS à procura do local, um guarda do parque
veio ter connosco e disse-nos que sabia do andávamos à procura. Ele tinha a
cache guardada no bolso para evitar que alguém a roubasse! Pensei que no fim do
registo teria que lhe dar alguma gorjeta, quebrando dessa forma o espírito do
jogo, mas enganei-me. Não me pediu nada e recolheu a cache alegremente. Pelos
vistos é conhecedor do geocaching.
Saímos agora do centro de Marraquexe e fomos para as áreas urbanas mais modernas. O
contraste é tremendo, entre a vida do interior da medida e a vida do lado de
fora. Aqui, vemos hotéis e apartamentos de luxo em condomínios fechados com
carros de alta cilindrada estacionados à porta. Lojas de roupa importada e
restaurantes gourmé perfilam-se pelas avenidas espaçosas e limpas
semelhantes a qualquer cidade europeia. Parece que estamos num outro país, tão
perto e tão longe da realidade da Medina. Mas tudo isto faz parte de
Marraquexe, a cidade mais cosmopolita de Marrocos e uma das mais turísticas do
continente africano.
Terminamos o passeio pela zona nobre, mas
tivemos de voltar à Medina já noite dentro onde está a alma da cidade. Fizemos
um último périplo pelos bazares onde as lojas começavam agora a fechar para as
últimas compras da viagem. Finalizadas as compras encontramo-nos na praça Jemaa el-Fnaa para comermos qualquer coisa antes da viagem. A
noite ia ser longa e cansativa. O plano é sair de Marraquexe diretamente para Tânger e depois
seguir para Estoi, um percurso de 1000 Km, que será o último grande desafio da
nossa viagem.
Saímos de Marraquexe por volta das 0:00 e
pusémo-nos ao caminho, parando em algumas áreas de serviço para mudarmos de
condutores e esticarmos as pernas. Chegamos a Tânger antes das 06:00. Atestamos
os carros e fomos para o porto para os procedimentos habituais de embarque.
Tivemos de esperar que abrissem as portas e um aspeto curioso no embarque foi a
passagem dos carros por um scanner gigante para bisbilhotarem tudo o que
levávamos. Pelo menos desta forma não tivemos de abrir malas. Instalamo-nos no
barco que ia cheio e desta vez fomos todos sentar imediatamente não fosse a
regresso ser turbulento com a vinda. O mediterrâneo estava tranquilo desta vez
e chegamos todos bem a Tarifa. Desembarcamos por volta das 9:00 e antes de
arrancarmos para Portugal fomos tomar o pequeno almoço a uma pastelaria local,
onde a especialidade são churros. Começamos bem o dia, então.
Depois do pequeno almoço seguimos viagem por
Espanha até terras lusitanas. Depois de muitos quilómetros, muita areia e a
bagagem cheia de magníficas experiências, chegamos a Estoi. O deserto, esse
ficou para trás, mas cada um de nós trouxe um pouco dele consigo...