Voo para Zagreb, Parque Nacional Plitvice
O dia começou cedo e agitado no que seria o início de uma nova
“expedição”, desta vez pela Europa, mais precisamente na região dos Balcãs.
Com voo marcado para as 06:30 no aeroporto de Lisboa, não restou outra
forma que não despertar pela madrugada em terras ribatejanas para fazer a
aproximação à capital por volta das 04:00.
Já no aeroporto encontramo-nos com os nossos amigos e companheiros de
expedição, o Pablo e a Rita, que nos vão acompanhar por terras de uma outrora
Jugoslávia.
A esta hora, como aliás a todas as horas, não há nada de interessante
para fazer num aeroporto. A leitura é provavelmente a atividade mais apelativa
que posso imaginas, mas a estas horas é quase que impraticável, pois os olhos
tendem teimosamente a fugir das páginas do livro para a tranquila obscuridade
da sonolência.
Assim, resta-nos dormir nos “confortáveis” bancos do aeroporto ou
deambular pelas poucas lojas já abertas no átrio de embarque. Chegada a hora
prevista e tão desejada, lá nos dirigimos à respetiva porta, onde uma das
hospedeiras de terra já nos apressava para embarcarmos. Durante o voo nada de
interessante se passou a não ser a simpatia do comandante que nos fez o favor
de acordar enquanto passávamos pelos Alpes. Depois de uns lampejos de sono aqui
e ali, lá chegamos à primeira capital da nossa expedição. Demoramos três horas
de voo de Lisboa a Zagreb, na Croácia.
De Zagreb não vimos nada neste primeiro dia. O nosso objetivo é
levantar o carro no aeroporto e dirigirmos para sul, em direção ao Parque NacionalPlitvice, um complexo natural de lagos. Pelo caminho paramos na cidade de
Karlovac, onde tivemos o primeiro contacto com a realidade económica deste país
que recentemente aderiu à União Europeia (01/07/2013). Num supermercado da
cidade gastamos 204 Kunas (a moeda oficial), o equivalente a 27€ (1€ = 7,4
Hrk). Compramos águas, alguma fruta e coisas simples para comer ao almoço,
entre elas umas petingas fritas de encher o olho, como à muito não via em
Portugal. Isto tudo para dizer que à primeira vista, o custo dos bens
alimentares é muito semelhante ao nosso em Portugal. Foi em Karlovac que
tomamos a nossa primeira refeição em solo Croata. Foi numa sombra de um jardim
da cidade que degustei as deliciosas petingas fritas. Só faltou mesmo o arroz
de tomate, mas desse talvez não saibam fazer por aqui.
Um dos pontos imperdíveis da nossa passagem pelos Balcãs e um do mais
turísticos da Croácia são os lagos do Parque Nacional Plitvice. É sem dúvida um
lugar único onde a natureza não se inibiu de exibir todo o seu esplendor. As
palavras são parcas para descrever este local magnífico. Nunca a expressão “uma
imagem vale mais de mil palavras” fez tanto sentido. O parque consiste num
conjunto de lagos desnivelados que permitem que a água percorra todo o parque
numa área de mais de 200 hectares. Os visitantes caminham ao longo dos lagos
ora em trilhos naturais, ora em passadeiras e pontes criadas para o efeito. A
água que percorre os lagos provém de várias cascatas, é límpida e serve de
habitat a várias espécies de peixes que se conseguem avistar facilmente dos
locais de passagem, tal é a transparência da água. Para os visitantes no verão
é uma experiência dolorosa, diria mesmo devastadora, o facto de não podermos
partilhar com os peixes este tão nobre habitat. É proibido nadar, mergulhar,
tomar banho e tudo o que envolva o contacto humano com a água em todo o parque.
O único contacto que tivemos com a água foi quando atravessamos um dos maiores
lagos num dos barcos do complexo; ... a bem dizer também tivemos algum contacto
quando fomos brindados com as gotículas de algumas das várias cascatas do
parque, que o vento nos fez o favor de encaminhar; ... mas para ser mais
preciso, ainda tivemos outro momento de contacto. Este não sei se o deva
mencionar publicamente, pois duvido da sua legalidade, mas ainda assim cá vai.
Ao passarmos numa das muitas pontes do parque, num lugar recôndito, eis que a
água nos surge ao nível dos pés. De repente, uma “força estranha” que ainda não
compreendi, puxou-nos os pés para a água e assim ficamos inertes a refrescar os
pés suados e calejados de tanto caminhar, sentados na ponte. Afinal de contas
já tinham saído de Portugal. Isto é com cada partida que a natureza nos prega
...
O parque tem ainda algumas cavernas e uma diversidade de fauna dignas
de registo. Para se conseguir apreciar devidamente toda esta beleza são
necessárias várias horas, de preferência durante dois dias. Existem vários
circuitos demarcados no parque com durações diferentes (A, B, C, K e G). Como
não tínhamos tanto tempo, tivemos de apressar o passo para conseguir ver uma
boa parte do parque. Mesmo depois de uma noite mal dormida e da viagem, ainda
conseguimos chegar ao fim do circuito C antes das 20:00, a hora de encerramento
do parque.
No final do circuito tínhamos à nossa espera um meio te transporte híbrido
para nos levar de volta à entrada do parque. Híbrido não no sentido do tipo de
combustível, como os veículos amigos do ambiente, mas porque se tratava de uma
mescla entre um autocarro, um camião e um comboio. Foi nesta estranha peça de
engenharia mecânica, assinada pela Mercedes-Benz, que voltamos ao ponto de
partida. Pelo caminho pudemos ainda apreciar, de uma perspetiva mais elevada,
os lagos por onde tínhamos acabado de passar e ainda houve tempo para umas
fotografias. Ainda esta parte da expedição não terminara e já pulávamos de
vontade de voltar.
Depois de um dia longo e bem preenchido, o que precisávamos mesmo era
de voltar para onde saímos por volta das 03:00. E assim fizemos. Fomos para a Guest
House que tínhamos reservado a cerca de 17 Km do parque e a 2700 Km da nossa última
cama e finalmente descansamos.