Dia 3 - o castelo encantado
Füssen é uma pequena
cidade no sul da Baviera, na fronteira com a Áustria. Fica num dos extremos da
famosa rota romântica pelas estradas da Baviera germânica que vai até Würzburg.
No entanto, a principal atração da cidade é a sua localização próxima de
castelos famosos, sendo que o mais visitado é o castelo de Neuschwanstein. A
sua fama deve-se em parte ao facto de ter servido de inspiração e modelo,
segundo dizem, ao castelo que surge no genérico da Walt Disney e que também
ficou conhecido como o castelo da Cinderela. De facto, as parecenças sugerem
mais do que a simples coincidência.
Quando chegamos ao
parque de estacionamento dos visitantes começa a cair um nevão muito leve, como
que a dar as boas vindas a um terra encantada. Com seria de esperar, faz frio.
Muito frio, temperaturas próximas de 0 graus C. Agasalhamo-nos e seguimos a pé
até à bilheteira. O dia está fantástico para fazer este passeio. A Nikky vê
caírem flocos de neve pela primeira vez, ainda que sejam muito ténues. Para nós
que vivemos numa das zonas mais solarengas de toda a Europa, este é um
espetáculo da natureza que apreciamos sempre muito. Acabamos por reagir todos
da mesma forma, isto é, como crianças entenda-se. Mas para ela o momento é
ainda mais especial porque vamos ao castelo da Cinderela. Já lhe disse que a Cinderela
pode estar de férias e por isso talvez não a possamos conhecer desta vez. Mas
como no outro dia acabamos por encontrar a trança da Rapunzel, há sempre uma
esperança.
Compramos os bilhetes só
para o castelo de Neuschwanstein. É possível comprar um bilhete combinado para
os dois castelos. O Hohenschwangau é logo ali ao lado e até se vê primeiro. O Neuschwanstein
fica no cimo do monte e demora algum tempo para lá chegar. Como não temos o dia
todo, optamos por visitar apenas o Neuschwanstein que é a principal atração.
Ficamos com a visita marcada para as 11:10 e só podemos entrar à nossa hora.
Assim controlam o fluxo de visitantes e evitam-se grandes aglomerados de
pessoas o castelo. Cá em baixo, logo ao lado das bilheteiras e depois de
passarmos por várias lojas para turistas, encontramos o castelo Hohenschwangau como
já referi. Este também parece bastante interessante e se tivéssemos mais tempo
certamente que valeria a pena a visita.
Para chegarmos ao Neuschwanstein temos
de percorrer uma estrada até ao cimo da montanha. Podemos fazê-lo a pé ou de
charrete, que é a opção de muitos turistas. Há um preço para subir e outro para
descer. As charretes são robustas e levam grupos grandes, alguns com 10
pessoas. Cada uma é puxada por 2 grandes cavalos que tem arcaboiço suficiente
para levar esta gente toda até ao cimo. Nos fazemos o percurso a pé porque
acaba também por ser um bom passeio e para além disso ainda temos pelo menos
uma hora até à nossa visita. O caminho pelo bosque é muito agradável e existem
alguns trilhos que ainda são mais interessantes, só que estão fechados, ao que
parece para manutenção. Pelo caminho vamos tirando algumas fotografias dos
vários ângulos que já se vislumbram do castelo.
Já perto da entrada
principal do castelo, existe uma plataforma de observação para a planície
abaixo. Não se consegue ver grande coisa porque está nevoeiro, mas o efeito
visual é ainda melhor. Por entre as aberturas do nevoeiro podemos espreitar
algumas casas e o rio lá em baixo. A vista é simplesmente genial!
Os visitantes juntam-se
à porta do castelo, à espera da sua hora. Enquanto se espera, pode visitar-se
um dos pátios exteriores já dentro das muralhas. À hora marcada passamos pelos
torniquetes que dão acesso ao interior, recebemos os guias áudio que nos vão
acompanhar durante a visita e começamos.
O castelo foi mandado construir por
Ludwig II da Baviera em1869. A visita é feita de forma
autónoma sem ninguém a nos guiar. Vamos ouvindo a explicação, passando de sala
em sala. Passamos pelos vários aposentos típicos de qualquer casa real. Vamos
chamando a atenção da Nikky para alguns pormenores que possam ser mais
interessantes para ela, como a cadeira do rei, as pinturas de animais nas
paredes, entre outros. Mas até aqui nada de Cinderela. Não lhe vamos dizer que
isso foi uma invenção do século XX se não ela é capaz de ficar muito
desapontada. A única referência à Walt Disney no castelo é como não poderia
deixar de ser nas várias lojas de souvenirs, mas mesmo assim resume-se a umas
princesas e alguns livros. É curioso não explorarem essa questão no marketing
do castelo, mas por outro lado a sua história é mais rica e relevante do que
esse pequeno detalhe acidental. Enquanto fazemos a
visita vou olhando pelas janelas e vejo ao longe a Marienbrücke, uma ponte de
onde dizem se tem a melhor vista para o castelo. Na bilheteira disseram-me que
o acesso à ponte está fechada para manutenção, mas consigo ver lá muita gente a
tirar fotografias.
Prosseguimos a visita
subindo e descendo várias escadarias e passando por vários salões adornados com
pinturas a óleo e muitas relíquias protegidas por vidro. Terminamos a visita
com a sensação de que não vimos grande parte do castelo. Afinal nem tudo está
aberto ao público. Como não podia deixar de ser, a Marisa e a Lucy ainda fazem
uma visita às lojas de souvenirs e esta acaba por durar tanto ou mais do que
toda a visita ao castelo. Eu e a Nikky como já sabemos o que a casa gasta,
piramo-nos. Vou descobrir uma sala onde podemos ver uma animação em vídeo das
várias fases de construção do castelo. Ali podemos ver como foi a estrutura
inicial, bem como alguns projetos que nunca chegaram a ser construídos. Talvez
um dia algum monarca ou um grande capitalista ainda venha a acrescentar
qualquer coisa ao Neuschwanstein.
Decidimos ir saindo
enquanto elas ainda continuam nas lojas. Não combinamos nada porque entretanto
nós viemos andando, mas lá nos havemos de encontrar. Junto à saída dos
visitantes está o tal caminho que leva à Marienbrücke. De facto, está vedado
com uma baias metálicas mas é como se não tivesse ali nada! As pessoas passam
pelo lado, saltando uma pequena vedação em madeira. É um corrupio de gente para
cá e para lá. Não me posso ir embora sem ir à ponte, penso eu.
Volto à entrada para ir
buscar o carrinho da Nikky e quando regresso à saída eis que aparecem as manas.
Explico-lhes o que se está a passar em relação à ponte. Decidimos com a Lucy
que ela vai andando com a Nikky para o carro, enquanto eu e a Marisa vamos ver
a ponte. Não nos parece bem estarmos a saltar uma vedação com um carrinho e com
uma criança. Lá vamos nós os dois e mais um monte de gente. Se não tivesse
visto o caminho fechado junto à saída do castelo, nunca diria que não é suposto
andar aqui ninguém. Do castelo até à ponte são cerca de 10 minutos num caminho construído
em cimento pelo meio do bosque. Dali podemos também avistar o castelo Neuschwanstein
lá em baixo, e o enorme lago, o Alpsee, que fica por traz. É uma vista muito
bonita. Continuamos pelo caminho que se vai dividindo em outros caminhos e
trilhos. Esta zona é de especial interesse para quem gosta de caminhadas na
natureza.
Chegamos à ponte onde
está a maior concentração de pessoas. É uma ponte de estrutura em ferro com o
chão em madeira eu está muito escorregadio pois ainda tem uma camada de gelo.
Volta e meia lá vemos alguém a dar um passo em falso, a escorregar e quase a
cair. É preciso andar com algum cuidado. De um lado vê-se o castelo e de o
outro uma pequena queda de água que dá para o desfiladeiro que é atravessado
pela ponte. Conta-se que o rei Ludwig II mandou construir aqui a ponte porque
gostava muito de vir passear para estes lados e ao mesmo tempo contemplar a obra
que tinha feito. Arranjamos um espaço mais desanuviado para
podermos avistar o castelo sem interferências. O sol entretanto levantou e
agora está a iluminar parte do castelo. Forma-se o efeito de um coração que
torna a vista num quadro perfeito. Tentamos uma selfie da praxe com o melhor enquadramento. Quem diria! De facto a
melhor vista para o castelo é mesmo da ponte. Pena a Lucy não ter vindo,
certamente que ia gostar. Vai ter de se contentar com as fotografias.
Regressamos ao carro,
mas desta vez vamos a cortar caminho pelo bosque. Afinal ninguém quer saber da
manutenção e também não vemos ninguém a trabalhar.
Paramos junto à
bilheteira para comprar uns pretzels
cobertos de queijo e um livro da história do castelo para oferecer. Entretanto
quando chegamos ao carro, a Lucy e a Nikky também estão a acabar de chegar.
Parece que pararam em mais umas "lojinhas" pelo caminho e desta vez
eu não estava por perto para safar a Nikky. Ela teve mesmo de se aguentar.
Esta zona tem muita
coisa para ver. As paisagens são fantásticas e devem ser muito agradáveis de
visitar também no verão. Mas por agora voltamos a Füssen. Antes de irmos
visitar o centro da cidade, passamos na Lechfall, uma cascata construída pelo
homem que provoca um efeito engraçado no decurso do rio Lech pelo desfiladeiro
que passa na cidade. Depois então vamos visitar o centro de Füssen.
Como é domingo está
praticamente tudo fechado, por isso a visita vai ser rápida. Encontramos uma
casa que vende umas bolas doces a que chamam "bolas de neve". Leio um
pouco da história num papel informativo que está na montra e vejo muitos locais
a entrarem e a comprarem. Deve ser coisa boa, penso eu. Entramos e escolhemos
várias dos muitos sabores disponíveis, entre os quais chocolate de coco,
caramelo,
cappuccino, vários
chocolates e a tradicional que é com açúcar em pó. Trazemos as bolas para comer
depois.
Agora temos de ir almoçar e despacharmo-nos para voltarmos ao
aeroporto. Encontramos um restaurante simpático perto de uma das igrejas da
cidade. No claustro da igreja está um pequeno mercado de natal bem movimentado,
mas que não temos tempo de visitar. Hoje para terminar, queremos comer alguma
comida típica. Pedimos batata recheada com queijo, tipo raclette com salmão e uma espécie de pataniscas também de batata,
acompanhados com salada. A acompanhar um sumo de frutos do bosque.
Regressamos ao aeroporto
de Memmingen que fica a cerca de uma hora de distância, sempre por
autoestrada. No aeroporto despedimo-nos
do Mini e embarcamos de regresso a Faro.
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