Durante a viagem reservamos mais uma noite no mesmo hotel que já tínhamos reservado para o dia seguinte. Deixaram-nos à porta do hotel em Hang Cot. Fizemos o check-in e saímos ainda debaixo de chuva. A primeira coisa que fizemos foi ir à agência onde compramos o tour à dois dias atrás. O cancelamento dos cruzeiros é frequente e ouvimos histórias de agências que não devolvem a totalidade do dinheiro ou então tentam compensar com outras tours. O guia disse-nos que a empresa que gere o cruzeiro informa todas as agências do cancelamento e que as agências normalmente devolvem o dinheiro, mas ele não consegue saber quanto é que devolvem porque isso depende das condições do pacote que se compra. Algumas agências são "manhosas"! No dia em que compramos o cruzeiro fizemos questão de perguntar o que acontecia se a viagem fosse cancelada. Disseram-nos que devolvem o dinheiro na totalidade. Chegados à agência falamos com o senhor que nos atendeu anteriormente. Explicamos que o cruzeiro de 3 dias foi cancelado e que acabamos por ficar só 2 dias. Ele confirma com a agência e lá nos devolve o dinheiro, se bem que nos cobrou 5$ a mais pelo tour de 2 dias/1 noite do que o que nos tinha dito inicialmente, mas vá lá... podia ter sido pior.
A seguir fomos ao teatro de marionetas de água para comprar bilhetes para um espetáculo que dizem ser único em Hánoi. Temos de comprar com antecedência, pois já tínhamos tentado antes e não conseguimos. Os bilhetes para hoje já estão esgotados por isso compramos logo para amanhã antes que aconteça o mesmo.
O resto do dia passamos a deambular pelo Old Quarter pois já se faz tarde para ir a qualquer lado. Acabamos por jantar no restaurante Little Bird, numa varanda virada para um Burger King. O contraste de paladares não podia ser melhor.
Dia 6
Tomamos o pequeno almoço no hotel e saímos para visitar a cidade, agora
fora do Old Quarter. A primeira
paragem é no lago Truc Bach e
depois no West Lake. A
dividir os dois está uma bonita avenida toda arranjada com árvores e plantas em
todo o comprimento. No West Lake ergue-se uma estrutura em pirâmide que é o
principal chamariz da Tran Quoc Pagoda. Passamos uma pequena ponte e entramos por um pórtico tradicional com caracteres
chineses. A torre tem budas de vários tamanhos desde a base até ao topo.
No
templo adjacente um monge entoa um cântico acompanhado de batidas intermitentes
num grande cálice de metal. Apesar da chuva, o incenso continua a arder. Na
parte de traz existe outro templo e uma árvore sagrada. O placard informativo
diz que foi trazida da Índia nos anos sessenta como um rebento da árvore sobre
a qual Buda descansou em tempos. Uma jovem fiel anda em círculos à volta da
árvore prestando as suas orações.
Descemos agora a cidade e passamos pelo palácio presidencial, um edifício
pomposo em tons amarelados numa área nobre da cidade. Está guardado por uma
vedação verde e guardas também de uniforme verde. Do lado exterior, por entre a
vedação, ainda conseguimos tirar umas fotografias mas não nos podemos aproximar
muito que um dos guardas começa logo a bater palmas como quem enxota um bicho!
Junto ao palácio fica uma grande avenida fechada ao trânsito que tem
todo o aspeto de ser usada para grandes paradas do estado organizadas pelo
comité do partido. Ao centro, uma enorme bandeira de fundo vermelho com uma
estrela amarela no centro, lembra a todos que este é o centro da nação. Na
mesma avenida, em frente à bandeira, fica um dos monumentos mais importantes da
cidade e talvez mesmo de toda a nação vietnamita. Trata-se do mausoléu do presidente Ho Chi
Minh, o herói nacional. É um edifício cinzento com colunas de estilo grego,
guardado por soldados de uniforme branco. Hoje está fechado e também não nos
podemos aproximar muito. A porta é guardada por dois soldados imóveis.
A pagoda de um pilar é a paragem seguinte. É uma pagoda com um pequeno templo no meio de um lago que
se eleva num só pilar. O templo é semelhante a tantos outros. A piada está na
estrutura em si.
Continuamos para sul até ao museu de belas-artes. A entrada custa cerca de 1,5$ o que é
irrisório dentro dos nossos parâmetros financeiros. Dois edifícios estilo colonial
com três pisos albergam uma vasta coleção de arte local. Primeiro são
esculturas em pedra e madeira de lacre. Depois temos as pinturas que são não só
em tela mas também em seda e madeira de lacre. Percebemos que nesta região, no
passado pouco se pintava com óleo em tela ao contrário da Europa. No velho
continente a pintura em madeira não é tão comum e muito menos em seda. Á medida
que subimos de piso, as pinturas evoluem no tempo e vê-se mesmo uma influência
europeia em algumas aproximações ao cubismo e impressionismo, entre outros
estilos correntes na Europa de então.

É curioso que não encontramos nenhum
artista conhecido, o que não tira mérito nenhum ao espólio. Apenas revela que
conhecemos muito pouco da arte no mundo. A terminar a visita, no rés do chão
está uma exposição de cerâmicas locais que são autênticas relíquias.
Do lado oposto ao museu, fica outra das atrações da cidade, o centro de
artes literárias ou melhor, o templo da literatura. Trata-se de um
complexo ancestral, outrora o espaço mais erudito do país. Entramos por um pórtico
de pedra com grandes portas em madeira que dão para um jardim bem arranjado.
Nesta altura está a chover e as plantas agradecem. Nós nem por isso. Passamos a
outra secção onde estão umas pedras grandes como que lápides de personalidades
que aqui encontraram o seu último descanso.
O páreo seguinte dá para um
edifício em madeira que foi em tempos a primeira universidade de letras de Hanói.
É um edifício de arquitetura estilo chinesa onde os alunos recebiam instrução
baseada nos ensinos do confucionismo. No interior, para além da história do
edifício em imagens, encontramos uma estátua de Confúcio e outras relíquias
históricas, como lanças de guerra, entre outros. Do primeiro andar temos uma
vista agradável para todo o complexo.
Á saída paramos numa esplanada do outro lado da rua para tomar uma
bebida enquanto esperamos que a chuva passe.
Regressamos ao Old Quarter passando
por um parque com uma enorme estátua de Lenin.
No lado oposto da rua, uma antiga torre hasteia a bandeira da nação com orgulho como que proclamando que esta não
seria possível sem o outro.
A entrada que escolhemos para o Old
Quarter fica junto à linha do comboio. Por alguns metros as casas
amontoam-se precipitando-se na linha. As entradas para os prédios de 2 ou 3
andares são junto à linha e as pessoas circulam por ali como se de um normal
acesso se tratasse, o que é provavelmente. Seguimos para o hotel para
descansarmos por momentos e repormos as energias.
Ao final da tarde fomos mais uma vez ao mercado, que desta vez ainda
estava aberto. No interior tem três pisos onde se pode comprar quase de tudo.
Nos pisos superiores vende-se roupas por Isso concentramo-nos no rés do chão
onde está o artesanato e outras bugigangas. Compramos, finalmente, os chapéus
tradicionais vietnamitas e também uns pauzinhos, que é como quem diz, uns
talheres.
A terminar o dia mais uma refeição local com Pho de legumes, num
restaurante no Old Quarter. Deitamos
cedo que no dia seguinte temos de sair cedo para o aeroporto e despedimo-nos
assim deste Vietname bem mais oriental que o que encontramos a Sul.