Chegamos a shianoukville
já passava da meia noite
mas a cidade ainda tinham algum ambiente noturno. Desta vez viemos com
as nossas amigas Rithya e Sophany, duas khmers com quem partilhamos o gosto de
viajar. A Rithya conhecemos em Phnom
Penh pouco depois de chegarmos ao Camboja, enquanto que a Sophany conhecemos na
nossa viagem à Tailândia.
Na altura ela ainda estava a estudar na APIU em Muak Lek. Foi através que um contacto em Phnom Penh que a viríamos a conhecer. Agora que terminou os
estudos e voltou ao Camboja também faz
parte do nosso circulo de amigos. Asim que chegamos, fomos todos para o hotel
descansar que no dia seguinte temos de apanhar o barco cedo.
De manhã embarcamos ás 8:30 no speed ferry para Koh Rong.
Enquanto esperamos no cais em serendepety beach, aproveito para dar um mergulho
nas águas
"apetitosas" do golfo da Tailândia. A temperatura da água é impressionante, um caldo autêntico de água morna que nem dá para uma pessoa se refrescar. A areia da
praia é clarinha, quase branca.
A esta hora ainda não está quase ninguém na praia. Sihanoukville é o principal destino de praia no Camboja,
tanto para estrangeiros como para os locais e é uma cidade de vida noturna, por isso ainda
são horas de ressacar
Curiosamente vejo alguns locais a apanharem lixo da praia, provavelmente da
noite anterior, coisa que não é costume por aqui por estes lados. A praia
não está por isso muito suja, apesar dos vários restaurantes e bares ao longo de todo o areal. Depois do banho
embarcamos.
O "speed
ferry" para Koh Rong leva cerca de 40 minutos mas o circuito que estamos a
fazer não é direto. Antes de chegarmos ao destino,
paramos em três
locais diferentes de outra ilha. Koh Rong Sanloem é a "irmã" mais pequena de Koh Rong, uma ilha
com vários resorts mas mais
tranquila. Pelo caminho apanhamos uma chuvada valente e o mar agitado não se compadeceu de muitos dos passageiros
que se tiveram de socorrer de sacos de plástico providos para o efeito. Chegamos a Koh Rong
com o tempo meio embrulhado é assim
ficou para o resto do dia.
O cais de desembarque
em Koh Toch Beach é de
madeira com umas tábuas
mal amanhadas e nem sequer tem umas escadas decentes para sairmos do barco. É preciso alguma ginástica! Logo a entrada da ilha, ainda no
cais, está o Dive Center, uma das
principais atividades nas várias
ilhas.
Assim que
desembarcamos fomos procurar um sítio
para dormirmos que desta vez viemos sem reservas. Fomos para a extremidade
oriental de Koh Toch para fugir à confusão dos bares e guesthouses do centro. A
oferta de alojamento é maioritariamente
bangalôs e casas de madeira rústicas que ora se situam em cima da areia
da praia, ora no interior da selva da ilha. Parece que quanto mais afastados do
centro da praia mais caros são os
"resorts". Acabamos por ficar numa zona intermédia que acaba por nos proporcionar o
melhor dos dois mundos: a tranquilidade da selva e o ambiente backpacker de Koh
Toch Beach. Apesar do tempo
embrulhado com vários
períodos de chuva ao longo
do dia não deixamos de fazer
praia. As águas
da ilha ainda são mais
transparentes do que em Sihanoukville e a temperatura da água
está mais quente do que cá fora.
A beleza da ilha não se esgota nas praias, mas em todo o
envolvente natural com a selva a querer precipitar-se no mar. São várias as praias espalhadas pela ilha, algumas de
difícil acesso por terra. De
facto a exploração
descuidada da ilha tira-lhe grande parte da beleza e principalmente o imenso
lixo que parece não
incomodar ninguém por
aqui. Mas ainda assim, quando nos afastamos do centro o ambiente melhora um pouco.
Decidimos explorar outras partes mais remotas da praia.
Passamos por uma zona
de pedras, seguidas de um trilho pela floresta até encontrarmos uma outra praia quase deserta
onde a areia é mais
branca e as águas
mais transparentes. Passamos por um grupo de três jovens, também estrangeiras, que se apoderaram de um
velho barco, encalhado entre a praia e a floresta, e ali fizeram o seu poiso.
Afastamo-nos um pouco mais e ficamos com a praia só para nós. Ás águas
transparentes são
irresistíveis e a vista para uma
pequena ilha ao fundo completa o cenário. Sem esquecer que a temperatura da água está sempre à temperatura do ar. Atrás de nós a floresta e um pequeno lago com
manguezais. Por ali ficamos a gozar o nosso pedaço de praia até nos fartarmos.
Voltamos à zona do nosso bangalô e ainda demos uns mergulhos por ali até ao por do sol.
A ilha começa a ter mais movimento e outro tipo de
animação à noite. Os restaurantes preparam as mesas
para o jantar na areia e os seus barbecue típicos na ilha e começam a ouvir-se vários tipos de musica por todo o lado.
Decidimos ir provar o barbeque do Island Boys, um dos mais concorridos da
noite. Hoje é dia
de música dos anos 90 e o
barbeque tem um aspeto fabuloso. Os preços variam pouco, apesar da concorrência. Pagamos 5$ por um prato completo,
incluíndo pão de alho, salada e bebida. Jantamos à beira mar, quase dentro de água enquanto ouvimos Roxette e outras pérolas dos anos 90. E desta forma nostálgica terminamos a noite na ilha.
No dia seguinte
acordamos cedo para nos encontrarmos às 7:00 para o pequeno almoço. Bebemos um batido de fruta que custa
apenas 1$ independentemente das frutas que quisermos e uma baguete. Por volta
das 8:00 partimos para uma caminhada pela selva para atravessarmos a ilha até chegarmos a Long Beach, na extremidade
oposta. O trilho é bastante
acessível e agradável. Caminhamos durante uma hora por entre
cajueiros e outras árvores
tropicais. Pelo caminho só nos
cruzamos com umas formigas gigantes que se atravessam à nossa frente. Metem respeito e por isso
temos muita cautela para não as
incomodar à nossa
passagem.
A parte final do trilho é a
mais interessante, uma vez que temos de descer por umas pedras com o auxilio de
umas cordas mal amanhadas. Do topo começamos a avistar as águas turquesa de Long Beach mas ainda
temos alguma descida pela frente. Quando finalmente chegamos cá abaixo deparamo-nos logo com uma grande
construção. Estão a construir um cais, uma estrada e
estruturas de apoio. Não
admira que muita gente recomende visitar a ilha rapidamente antes que esta
fique "desfigurada". Afastamo-nos rapidamente da confusão e seguimos para a praia.
Assim que tocamos a
areia ficamos sem palavras. Estamos perante um paraíso até à pouco tempo desconhecido. As águas são incrivelmente claras e estendem-se no
horizonte num degradê de
turquesas e azuis. A areia é a
mais branca que vimos até então e estende-se por 7 quilómetros. Parece açúcar ou leite em pó e dá vontade de provarmos. O mar, agora virado para o
golfo da Tailândia,
tem umas minúsculas
ondas que parecem nos querer embalar mas sem força suficiente.
É de facto um paraíso perdido, manchado no entanto pelo lixo
no areal. Algum trazido pelas correntes mas outro lixo é deixado pelos locais que aqui vem
trabalhar na construção.
Esta gente não sabe
a preciosidade que aqui tem e deixam lixo à deriva como se estivessem no meio urbano.
Foi assim que foram habituados e vai ser difícil mudarem. Mas votamos o olhar ao mar e à beleza natural. O sol queima e mesmo à sombra o calor é insuportável, por isso o melhor é estarmos dentro de água. Passamos assim a maior parte da manhã dentro de água. Fazemos uma caminhada à beira mar em direção aos resorts de luxo perto da vila
Sokian, na outra extremidade da praia. Não chegamos a percorrer toda a extensão do areal, mas no pequeno percurso que
fizemos vimos mais algumas construções a
surgirem mesmo em cima da praia. Não
tardará muito para transformar
este paraíso na Koh Samui do
Camboja. A informação que
corre é que a ilha já foi entregue a um grupo privado para exploração e que existem já planos para fazer estradas e até um aeroporto. Sinto que estou num ambiente
que se irá perder num futuro muito
próximo e por isso também o local ser tão especial.
Depois de passarmos a
manhã literalmente dentro de água decidimos voltar a Koh Toch. É claro que agora ninguém tem vontade de fazer mais uma hora de
trecking pela selva por isso tentamos fazer a viagem de regresso num dos barcos
que estão ancorados na praia. O
barco chegou de manhã com
turistas, quase todos Khmers, e regressa ao fim da manhã. Pedem-nos 2$ por pessoa mas nós tentamos negociar para 1,25$ (em moeda
local são 3000 riels de diferença). Afinal o barco já cá está deste
lado e sempre consegue fazer um dinheiro extra. Insistem nos 2$ mas quando começam a embarcar o pessoal vêm-nos chamar e levam-nos pelo valor que
oferecemos. Levam-nos a nós e a
quem mais estiver na praia e queira uma boleia para Koh Toch. O serviço é de 5 estrelas. Mochilas e malas à cabeça lá vamos
nós mar adentro para
apanharmos o barco. Depois de todos instalados levantamos ferro e seguimos
viagem. Eu vou sentado à proa,
qual Tom Sawyer a cruzar o Mississipi. O barco de madeira tem duas hélices que mais parecem varinhas mágicas. Uma de cada bordo, são propulsionadas por motores convencionais
de automóvel amanhados numas tábuas no convés. O nosso capitão desce as varinhas mágicas com mestria para a água e agarra-se ao leme e lá vamos nós. A viagem dura cerca de 30 minutos até Koh Toch.
De volta aos bangalôs aproveitamos para dormir uma sesta nos
cadeirões na praia com mais uns
banhos pelo meio. A nossa amiga Sophany entretanto está de regresso a Phnom Penh, pois tem um
compromisso no dia seguinte de manhã cedo. No fim do dia apanhamos outro barco, mas
desta vez para irmos nadar no plâncton fotosintético ou fluorescente. Na verdade estas águas estão todas repletas de plâncton mas para apreciarmos o espectáculo de luz natural temos de nos afastar
de terra para uma zona mais escura. Apanhamos o barco com três canadianas que estão em viagem pelo sudeste asiático e com quem travamos conversa.
Chegamos ao local de mergulho mas parece que ninguém quer entrar na água. Os rapazes mostram-nos o plâncton luminoso quando remexem a água. Coloco a máscara e o tubo de snorkerling e lanço-me à água. Basta nadarmos tranquilamente para
apreciarmos o fenómeno.
Mergulho várias
vezes e provoco remoinhos na água
para ver todo um mar de "pirilampos". Por ali ficamos algum tempo a
chafurdar no meio do plâncton.
No último dia na ilha aproveitamos a manhã para relaxar na praia. Antes porém vamos beber um batido de frutas para o
pequeno almoço. A
Rithya entretanto já está à conversa com o pessoal local. Ela tem uma
facilidade tremenda em conhecer gente e fala com as pessoas como se fossem
velhos amigos. É um
dom extraordinário!
Graças às rápidas amizades dela ficamos a sempre a saber
algumas coisas interessantes. Hoje, por exemplo, soubemos que a empresa que
gere os barcos rápidos
e o centro de mergulho, tem também um
restaurante no cais e patrocina os estudos das crianças da vila. Algum do staff internacional
vai também dar aulas de inglês na escola.
Ás 10:00 apanhamos o
barco de volta a Sihanoukville. A viagem hoje foi mais tranquila. Não há chuva e o mar está calmo por isso não há direito a sacos de plástico. O barco vai cheio e o calor
continua intenso. Não há ar condicionado nem ventoinhas e o pessoal
transpira até mais
não. O que nos safa são as janelas laterais onde o pessoal enfia
a cabeça para se refrescar e
umas pequenas junto ao cockpit. Em Sihanoukville vamos até ao restaurante "Amigo" à beira mar onde comemos uns wraps e um
batido de coco e lima fantástico.
A Rithya foi até à estação comprar os nosso bilhetes para Phnom
Penh. Vamos no autocarro das 3:30 pm. Ela segue para Kampot que fica apenas a
uma hora de viagem. Nós
ainda temos cinco horas até chegarmos
a casa. Ficamos no "Amigo" a fazer tempo e a tomar os últimos banhos no golfo da Tailândia.
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