Dias 12 e 13 – 09 e 10/08/2013, sexta-feira e sábado
Timișoara, Roménia
Saímos do Hotel Itália em Sarajevo pela manhã,
mas antes de deixarmos a cidade fomos a um supermercado procurar especialidades
Bósnias para levar de recordação. Chegamos à secção da charcutaria onde
encontramos enchidos de todas as variedades e com a característica de serem “pork free”. De facto cerca de 90% dos
produtos cárneos disponíveis no supermercado não contêm carne de porco.
Compramos alguns enchidos para trazer de recordação. Afinal de contas há lá
melhor “souvenir” do que um belho
chouriço Bósnio!?
Despedimo-nos de Sarajevo, já com uma enorme
vontade de lá voltarmos, mas a viagem que tínhamos pela frente iria ser muito
longa, a mais longa que fizemos nesta expedição.
Pelo caminho voltamos a entrar na Sérvia,
passamos novamente por Belgrado e finalmente ao fim da tarde, chegamos à
fronteira com a Roménia, o maior vizinho dos Balcãs. Quando chegamos à
fronteira de Vrsac, assustamo-nos pois a fila era imensa com muitos camiões e
carros à nossa frente. Por sorte, passou um funcionário da fronteira no seu
carro privado que nos fez sinal para os veículos ligeiros avançarem para outra
posto de controlo. Afinal aquela fila era só para o controlo das mercadorias,
mas os carros à medida que foram chegando foram-se deixando estar. Se o
simpático senhor não tem aparecido, talvez ainda lá estivéssemos a esta hora.
De facto os camionistas passam um mau bocado nestas fronteiras. São horas a fio
que se perde para entrar em qualquer lado. Foi então que chegou a nossa vez e
sem grandes conversas, perguntaram-nos apenas o que vínhamos fazer, deram-nos
autorização para entrarmos na Roménia. Afinal de contas somos todos cidadãos
europeus.
Da fronteira a Timișoara são cerca de 60 Km
e a estrada para já é aceitável. Vínhamos com alguma expectativa para vermos
como era a Roménia. Estávamos à espera de muita pobreza e pouco
desenvolvimento. Pelo caminho passamos por algumas pequenas terras, quem sabe
aldeias, e para já o que vimos é um ambiente muito rural dentro dos padrões de
algumas regiões mais remotas de Portugal. Quando chegamos à cidade já era de
noite, logo a percepção que tivemos foi limitada. Fomos diretos a casa do nosso
amigo Adrian e o GPS levou-nos lá direitinhos, como se ali estivesse acostumado
a orientar todas as semanas. O Adrian já estava à porta à nossa espera. A
emoção foi grande quando nos reencontramos, mas sem perdermos muito tempo,
seguimos atrás dele para o nosso destino, pois os nossos anfitriões estavam à
nossa espera. Seguimos sempre atrás do carro do Adrian por várias estradas na
cidade até chegarmos a casa da sua namorada, a Corina. Fomos recebidos de forma
tão carinhosa como se fossemos visitas habituais. A Corina e a sua mãe tiveram
a amabilidade de nos receber em sua casa sem nunca nos terem visto, mas como se
nos conhecessem desde sempre. À chegada tínhamos um banquete à nossa espera mas
como não estávamos com muita fome, o Adrian sugeriu que aproveitássemos o tempo
para ir dar um passeio ao centro da cidade antes de jantarmos.
Assim foi, partimos juntos para o centro e
pelo caminho o Adrian e a Corina foram-nos mostrando algumas das zonas mais
famosas da cidade e os vários polos da universidade. Estacionamos o carro perto
do centro e fomos até à Piaţa Unirii que estava cheia de gente a prepararem-se para a noite de Timișoara. Vimos a
catedral católica de Saint George e dai caminhamos até à Piaţa
Victoriei, o coração da cidade. Aqui é onde se encontram os principais
hotéis e museus da cidade. Atravessamos
toda a praça e na extremidade encontramos a grande catedral ortodoxa.
Continuando para sudoeste atravessamos a ponte sobre o canal do rio Bega para tirarmos umas fotografias
noturnas. Voltamos para traz, desta vez pelo “central park” de Timișoara.
Apesar de ser apenas um vislumbre do
seu homónimo em Nova Iorque, não deixa de ser uma área vital no centro da
cidade que alberga o Monumentul OstașuluiNecunoscut (Monumento do soldado desconhecido). À hora a que fazíamos a visita estava tudo
fechado e esta foi mais uma visita de reconhecimento da zona.
Voltamos a casa da Corina, agora já com
algum apetite para o jantar. A variedade de opções era significativa com vários
pratos típicos romenos à nossa disposição, pimentos de várias espécies e molhos
de várias cores. Como curioso que sou, achei por bem experimentar um pouco de
tudo, mas sem abusar, devido às horas a que estávamos a jantar. Antes de deitar
ainda colocamos a conversa em dia com o Adrian e foi então que soubemos da novidade!
O Adrian e a Corina estavam noivos e o casamento marcado para o dia 25 de
agosto! O Adrian entregou-nos o convite que planeava enviar para Portugal e por
pouco acertávamos mesmo no dia do casamento o que seria uma enorme alegria para
todos.
Sábado de manhã na Roménia. Acordamos para
ir à igreja, como de costume. A mãe da Corina já tinha o pequeno almoço
preparado e fazia questão de conversar connosco em romeno, mesmo sabendo que
não entendíamos praticamente nada do que ela dizia. É uma senhora muito amável
e das pessoas mais hospitaleiras que já conheci. Tratou-nos como se fossemos
parte da sua família mais chegada e a sua principal missão foi sempre garantir
que não ficávamos com fome. O pequeno almoço foi praticamente um almoço. Não
sei se é sempre assim que se come de manhã na Roménia, mas esta gente trata-se
bem logo pela manhã. Come-se logo verduras e carne para começar o dia em
grande. Fomos com a Corina até à igreja adventista,
onde o Adrian nos esperava.
A Igreja Adventista de Betânia fica situada no nº 19 da Str. Independenţei num bairro pacato da cidade. É um
edifício imponente que é constituído pelo salão de culto e também por uma
escola. O programa foi semelhante ao que estamos habituados. No final da manhã,
depois de terminado o serviço religioso, fomos mais uma vez passear até à
cidade. Com o pequeno almoço que tomamos não tínhamos fome à hora de almoço.
Fomos passear junto ao canal do Bega pelo Parcul
Justiţiei. O tempo estava quente e seco, mas sendo o nosso último dia na
Roménia, tínhamos de aproveitar bem o tempo. Fomos visitar a grande catedral
ortodoxa que agora estava aberta. Foi aqui que o Adrian me explicou que os
poucos assentos que existem na igreja são comprados pelos crentes mais
afortunados e comodistas. Os restantes membros da congregação assistem ao
serviço religioso de pé. O edifício da catedral é sem dúvida um dos mais belos
da cidade e a sua beleza é até visível através do Google maps.
Voltamos a passar pela Piaţa Victoriei para tirarmos algums fotografias durante o dia. É de
salientar a quantidade de espaços verdes que envolvem todo o centro da cidade! Apesar
do forte impacte da arquitetura urbana, Timișoara não se esqueceu de preservar os pulmões naturais que são os seus vários parques
verdes. Talvez os nossos autarcas pudessem fazer uma visita a esta cidade e
aprender alguma coisa com o povo Romeno.
Finalizado o último passeio pela cidade,
voltamos a casa da Corina, onde a sua mãe já estava em pulgas para nos
alimentar! Depois de mais um almoço farto, descansamos um pouco pois ainda
tínhamos de fazer a viagem até Belgrado nesse dia.
A meio da tarde, por volta das 16:00 chegou
a hora de nos despedirmos. Temos pena de não podermos ficar mais tempo com os
nossos queridos amigos, mas a nossa expedição ainda não terminou. A visita à Roménia acabou por ser um desvio na nossa rota, que valeu todos os quilómetros
percorridos até aqui, mas que deixa a desejar uma nova viagem só para conhecer
este grandioso país e as suas gentes. Despedimo-nos dos nossos amigos e lá
fomos de volta à Sérvia. Chegados a Belgrado por volta das 18:30,
fomos diretos à estação de autocarros para comprarmos os bilhetes para essa
noite.
Depois da última experiência com autocarros na Sérvia, não queríamos
arriscar a comprar o bilhete em cima da hora. O autocarro saía às 00:40 e para
nossa sorte apenas restavam 3 bilhetes. Se perdêssemos esse autocarro, a
alternativa para chegarmos a Ljubljana era apanharmos um comboio às 08:00 que
chegaria à capital eslovena às 21:00, perdendo todo o dia na viagem. Felizmente
viemos comprar os bilhetes “atempadamente”. De seguida fomos à estação de
comboios, mesmo ali ao lado, para deixarmos as nossas malas de viagem enquanto fomos
ao aeroporto entregar o Chevrolet Spark.
No aeroporto despachamo-nos
rapidamente e logo voltamos à cidade de autocarro. Saímos perto do centro e
fomos até à rua Knez Mihailova, a rua mais movimentada de Belgrado. Tínhamos
algum tempo até à hora do autocarro e fomos procurar um restaurante para jantar
e descansar um pouco. Tanto escolhemos que acabamos por ir parar ao “famoso”
McDonald’s de Belgrado. Pois é, quem muito escolhe normalmente pouco acerta e
nós andamos durante algum tempo a escolher que depois quando demos pelo tempo
já estávamos em cima da hora. Restou-nos recorrer ao fast food. Depois do jantar, fomos buscar as nossas malas aos
comboios e seguimos para a estação de autocarro bem antes da hora da viatura
sair, não fossemos perder o transporte como da última vez que aqui tínhamos
estado. Chegando à hora, lá apareceu a viatura que nos iria levar da Sérvia para a Eslovénia numa noite que se esperava tranquila e descansada.