Dia 10
– 07/08/2013, quarta-feira
Dubrovnik e Split
Saímos de Kotor já o sol raiava a “todo o
vapor”. Fizemo-nos à estrada, não antes sem passarmos na padaria da esquina
para comprar mantimentos para a viagem. O nosso primeiro destino neste dia era
a cidade de Dubrovnik, a cerca de 100 Km. Voltámos portanto à Croácia. Seguimos
desta vez pelo caminho mais curto, pela pequena estrada do lado oposto da baia de Boka Kotorska Passados alguns minutos de iniciarmos a nossa viagem à beira
mar, não resistimos às condições meteorológicas e paisagísticas as quais nos
forçaram a parar o carro numa berma mais generosa. Daí foi só descermos umas
escadas e pronto... lá estávamos a refrescar o corpo nas águas cristalinas e
mornas de Montenegro. Como se de uma gigante piscina se tratasse, tomávamos
banho enquanto avistávamos todas as pequenas terriolas do outro lado da baía.
Se tivéssemos mais tempo ainda tínhamos atravessado a nado, mas o trafego de
barcos de cruzeiro é grande por estas bandas e ainda podemos ser abalroados.
Depois da banhoca continuamos pela estrada
sempre junto à baía até à cidade de Lepetane onde atravessámos o estreito de
Ferryboat para a margem mais próxima da Croácia. Um estreito que no mapa parece
minúsculo e que demora cerca de 10 minutos a atravessar é o canal que dá acesso
aos gigantes barcos de cruzeiro à cidade de Kotor. Deve ser fantástico
atravessar o estreito no topo de um desses gigantes dos mares. Ai sim, o
estreito deve parecer minúsculo. Passado o estreito começamos a dizer adeus ao Montenegro e quando
demos por ela, já estávamos na fronteira com a Croácia.
A nossa visita a Dubrovnik começou por
fazermos uma “ronda” de carro pela cidade para percebermos o que nos esperava.
Esta cidade é um dos maiores, se não mesmo o maior destino de cruzeiros em toda
a Croácia e no mar adriático. Os turistas multiplicam-se por toda a parte
antiga da cidade que é também o centro histórico. O estacionamento é escaco,
por isso fomos até à parte superior da cidade onde deixamos o carro num
estacionamento coberto. A partir daí tivemos de descer até ao centro novamente
por entre um jardim e algumas ruas estreitas. O centro histórico está todo
envolto por grandes muralhas e toda a vida da cidade se passa ali dentro.
Apesar do excessivo número de turistas por toda a parte, é deveras interessante
percorrer as ruelas e visitar alguns dos edifícios mais emblemáticos da cidade.
Para além disso há uma grande variedade de lojas e restaurantes para turista
ver, comprar e comer.
Fomos andando à descoberta por aqui e por ali
até que num dos estremos da cidade, junto ao porto onde parecia que já não
havia muito para ver fomos dar com uma praia apinhada de gente, mesmo junto às
grandes muralhas. Ali reinava uma alegria imensa com locais e turistas a
tomarem banho e a mergulharem do alto das rochas junto à muralha. Todos num convívio
são e afastado dos grandes aglomerados turísticos da cidade. Claro que não
podíamos deixar passar a oportunidade e lá fomos ao banho e também ao mergulho.
Na falta de pranchas de lançamento, foi a partir do cimo das rochas que se
erguiam do mar que dei uns belos mergulhos na companhia de um jovem francês que
me assegurou que dali era seguro saltar. Quando conseguimos ver lá em baixo o
fundo do mar coberto de enormes pedregulhos é melhor termos a certeza de que
temos profundidade suficiente para não quebrarmos nenhuma pedra. Esta foi sem
dúvida a parte que considero mais interessante da cidade.
Depois do mar até tomamos banho de chuveiro,
nuns chuveiros públicos instalados na muralha. Ali todos os espaços são
preciosos. Após nos refrescarmos continuamos a percorrer a cidade num sentido
circular para tentarmos ver um pouco de tudo. Enquanto subíamos para um ponto
mais alto da cidade passamos por uma porta que anunciava um café com a melhor
vista de Dubrovnik. Obviamente que tínhamos de satisfazer a curiosidade (é esse
o propósito do cartaz) e entramos por uma pequena porta que dava acesso a uma
escadaria. Ao passarmos pela porta notamos que já estávamos a passar para o
lado de fora da muralha e as escadas levavam-nos encosta abaixo até à esplanada
com uma vista fantástica sobre o mar adriático.
O café Buza é um dos locais mais famosos da noite em Dubrovnik mas o ambiente de dia já é
fabuloso. Passando pela esplanada é possível continuar a descer até chegar ao
mar. O café fica a uma altura de cerca de 20 metros do nível do mar. Para além
das bebidas, uma das atrações do local são imagine-se lá, os saltos para a
água! Ao longo de toda a escadaria existem barreiras de proteção para afastar
as pessoas das rochas e até existe uma espécie de miradouro de onde se pode
avistar o mar lá em baixo. Mas a verdade é que para alguns dos clientes do café Buza as barreiras de ferro só estão lá para serem puladas e dai aceder às
rochas escarpadas. Claro que aqueles que ali se aventuram só o fazem depois de
uma fase inicial de copos bem bebidos, pois ninguém no seu pleno juízo se manda
de uma altura daquelas. Talvez seja uma iniciação para os adeptos do Red Bull cliff diving.
O que é facto é que estava um grupo grande de Ingleses e Inglesas a saltarem
todos divertidos para a água. Curioso foi um jovem que vimos, que nos pareceu
um local e que não tinha mais do que 15 anos saltar do local mais alto que
vimos. Foi de meter inveja aos turistas.
Saímos então do café Buza e voltamos à porta
de entrada principal da cidade. Por ali andamos durante algumas horas e apesar
do movimento excessivo de turistas a cidade vale bem uma visita. Seguimos
colina acima pelo jardim. Paramos para tirar algumas fotografias panorâmicas da
cidade e voltamos para o parque de estacionamento para continuarmos a nossa
viagem.
Voltamos à estrada em direção a Split onde
iriamos dormir nessa noite numa distância de cerca de 220 Km. Pelo caminho
tivemos de atravessar a Bósnia numa extensão de 9 km que é a única parte do
território Bósnio que é banhada pelo mar. É como se geograficamente a Bósnia tivesse reclamado para si um pedaço, mesmo que minúsculo, das águas do
Adriático. Uma vez na bósnia aproveitamos para parar numa padaria e comprar
umas delicias locais doces e salgadas. Importação de bens para a Croácia! Mas a
maioria deles nem chegou a passar a fronteira, pois a fome já apertava.
Chegámos a Split já noite dentro e fomos diretos ao apartamento que tínhamos
reservado para passar a noite. Deixamos as malas e o carro e fomos a pé até ao
centro da cidade. Passeamos pela marina e pelo centro histórico onde
encontramos muito movimento e animação. O complexo histórico e o Palácio deDiocleciano constituem património mundial da UNESCO. Como já era tarde, não
tivemos oportunidade de visitar muita coisa. Um dos locais que achamos mais
interessante foi o peristilo do palácio onde um grupo de músicos de um
restaurante tocava tanto para os clientes como para os transeuntes como nós. Ao
redor do espaço pessoas sentavam-se para apreciar a arquitetura, ouvir a música
ou beber alguma coisa. Para além dos músicos, um grupo de artistas de rua
preparava-se para a sua atuação que começou logo que a música terminou. Ao fim
da noite e depois de tantos quilómetros percorridos pudemos relaxar durante
alguns momentos num ambiente simpático e descontraído.