Senj, Novi Vinodolski , Ilha de Krk, Opatija
O plano para o dia consiste em subir a costa do Adriático até Opatija,
conhecida como a Riviera Croata. Saímos de Korenica passando pelo parquenatural Velebit, numa estrada sinuosa mas compensadora pela sua paisagem.
Fizemos a primeira paragem em Senj, onde encontramos um ponto geográfico
curioso! Segundo a informação constante nas placas informativas, é um ponto
intermédio entre o Equador e o Polo Norte, estando ambos à distância de 5000
Km. Face à situação climatérica que estávamos a viver, sem dúvida de que
escolheríamos o polo, onde certamente nos podíamos refrigerar do calor que o
sol teimava em nos infligir, mas não quais masoquistas ficamos mesmo por ali a
“torrar”.
Desde esse ponto avistamos em baixo uma regata que acabava de zarpar do
caís que saindo de vento em popa abriam as suas velas balão tonificando as
cores do mar turquesa com as velas coloridas de cada embarcação. Descemos e
fomos passear à beira mar até ao centro da povoação de Senj. O conceito de
beira mar no Adriático é diferente do conceito que utilizamos no Atlântico.
Aqui andar à beira mar significa andar a saltar de rocha em rocha, passando por
cima dos banhistas que se estendem em qualquer pedaço de rocha mais plana que
encontrem, nos passeios de cimento e até nos poucos jardins ou nos bancos de
jardim, quando estes existem. Basicamente as pessoas aproveitam qualquer pedaço
de chão para estenderem a sua toalha e apanharem banhos de sol. É uma estranha
relação de proximidade com o mar, e ao mesmo tempo ... com o chão.
De seguida passamos por um parque de autocaravanas, em que estas se
encontravam a uma distância de 3 metros da água. Alojamento de luxo, portanto!
Depois de passarmos algum tempo à beira mar, chegou a nossa vez de escolhermos
o melhor lugar para pousarmos a trouxa e ir ao mergulho, a atividade mais
apetecível. Como não temos tempo para banhos de sol, não somos muito exigentes
e por isso qualquer rocha serve. Num dos locais em que mergulhamos encontramos
uma âncora afundada, que se tornou uma espécie de recreio no fundo do mar.
Saímos de Senj mais frescos em direção a norte e a próxima paragem foi
em Novi Vinodolski, onde paramos apenas para ir às compras no supermercado
Lidl. Mas qual o interesse deste momento para que fosse digno de registo!? Pois
bem, o supermercado é igual aos que existem espalhados por Portugal e outros
países da Europa, como muitos produtos idênticos. A particularidade deste
supermercado porém é que nas suas traseiras tem uma marina para pequenas
embarcações. Será para facilitar o estacionamento aos clientes? Se a moda pega
em Portugal, ainda tenho de comprar um barco só para ir ao Lidl!
Depois da ida ao supermercado, paramos algures pelo caminho, num lugar
descoberto totalmente ao acaso, onde encontramos uma torneira e uma bancada com
cadeiras onde pudemos preparar o nosso almoço. Hoje decidimos fazer um
piquenique. As bancadas fazem parte de um pequeno complexo que não chegamos a
perceber de que desporto se tratava. Era um espécie de um ring de futebol 5, mas sem balizas, com umas linhas fazendo lembrar
uma piscina! Estranho o que esta gente joga por estas bandas!
Depois do almoço partimos para a ilha de Krk, ligada ao continente por
duas pontes que atravessam o mar Adriático. Visitamos a população de Malinska e
depois Silo, ambas repletas de gente a veranear. Claro que não podíamos deixar
de aproveitar para tomas mais uns banhos. Não passamos muito tempo na ilha que
é constituída por várias pequenas povoações de veraneio ao longo de toda a
costa. A partir de Krk também é possível chegar a outras ilhas, tais como MaliLosinj, que segundo o nosso amigo David Ciplic é a melhor ilha da Croácia, mas
aqui a escolha não é fácil. Pena que desta vez não houve tempo. Talvez numa próxima
expedição.
Deixamos a ilha de Krk em direção a Opatija, aquela que é considerada a Riviera Croata Se tivesse de resumir em poucas palavras esta cidade, diria que
é o Mónaco mais comedido na luxúria e exuberância. É inevitável a comparação
com o principado Monegasco, a mesma arquitetura dos edifícios, a mesma
organização urbana e o mesmo estilo de vida de luxúria. Há até um grande casino
à semelhança de Monte Carlo. No entanto há também uma diferença significativa.
Enquanto que no Mónaco o mar parece estar reservado para os barcos luxuosos na
sua rede de marinas e ancoradouros, em Opatija o mar ficou para as pessoas. Ao
longo de toda a costa da cidade, existem zonas de acesso ao mar (aqui
chamam-lhe praias) onde as pessoas desfrutam alegremente daquilo que lhes
pertence por inerência. Existem muitas zonas concessionadas de chapéus de praia
e espreguiçadeiras pertencentes a hotéis, mas todas de acesso livre. Em algumas
zonas chegam a existir minúsculos espaços de areia para as a crianças poderem
brincar.
Com o cair da noite a cidade ilumina-se e o movimento nas ruas
acentua-se. A diversidade de atividades é imensa com animação de rua por vários
“street perfomers”, musicais da
Broadway nas esplanadas de hotel, opera na esplanada, cinema ao ar livre e ainda
alguns persistentes que continuam a divertir-se dentro de água.
E assim é Opatija... onde o mar pertence às pessoas.