Dia 17
de Agosto
Antes de entrar propriamente no relato do dia,
um aparte em relação às habitações que temos encontrado pelo caminho.
Excetuando as grandes cidades como Joanesburgo ou o Cabo, por aqui não se vêm
prédios, e mesmo nessas cidades não são uma coisa comum. As pessoas vivem em
casas e normalmente são casas grandes. Se compararmos com Portugal, imagine-se
a Quinta do Lago. Aqui qualquer “town” se parece com este “território” elitista
Português. Por onde tenho andado pela
Europa e um pouco pelo mundo, não me lembro de ver um sitio onde existam tantas
casas da categoria das que se veem aqui e com tanta frequência. Aqui, em todas
as “towns” por onde passamos, as pessoas vivem em casas grandes, muradas com
jardins e algumas piscinas. Algumas ficam mesmo dentro de condomínios com
cancela e segurança.
Enquanto em Portugal e até noutros países mais
ricos esta é a exceção à regra para alguns privilegiados, aqui é a regra para
todos (os de cor branca).
Voltando a Knysna, chegamos à cidade debaixo
de um temporal tremendo. Quase não conseguíamos ver a estrada com tanta chuva.
O nosso hotel ficava à beira da estrada com vista para o lago. Esta cidade fica
à volta do lago que é banhado pelo oceano através de dois cabeços (East head
& West head). Tem umas ilhas pequenas, às quais se tem acesso por estrada
onde estão algumas das propriedades mais caras do país. Diz-se por aqui que
nestas ilhas o preço dos terrenos é o mais caro do país. Uma delas chama-se
“leisure Island” e à entrada encontramos uma placa que diz: “drive slowly.
Enjoy our leisure”. Por aqui dá para ver o estilo de vida neste local. Na parte
de traz da ilha tem uma praia que quando está maré vazia dá para andar a pé até
ao canal onde o mar entra para o lago. Uma vista excecional e um ambiente de
tranquilidade e paz de fazer inveja.
Existem algumas marinas espalhadas pela
cidade, como seria de esperar, onde se encontram também algumas lojas e muitas
atividades para fazer no mar.
Depois das ilhas fomos até à ponta visitar o
“East head” (cabeço este). Uma vista espetacular, mas antes de fazermos um
trilho a pé pelo cabeço, fomos tomar um bom e requintado pequeno almoço ao East head Café, de onde pudemos desfrutar das vistas mas num ambiente quentinho.
Fizemos o trilho e depois fomos de carro
cabeço acima, para admirarmos as casas ai construídas. Fomos encontrar uma
praia do lado oposto do cabeço, onde o mar continuava a estar muito revolto.
Depois de no dia anterior termos visitado os
animais mais “burros” de África, hoje demos um passo de gigante e fomos visitar
os mais inteligentes. Fomos ao Knysna Elephant Park, um orfanato de elefantes
onde se pode desfrutar da sua companhia no seu habitat. Á entrada do parque
compramos um balde de comida que continha maçãs, abóbora e couve, para dar aos
elefantes. Na realidade este balde é um petisco muito apreciado por estes
hóspedes. No parque existem no presente 7 fêmeas 2 machos. Algumas das fêmeas
já engravidaram no parque e terão os seus filhotes aqui. Começamos o tour
visitando o local onde os elefantes dormem à noite. A determinada hora são
recolhidos para aquele espaço para poderem descansar e para estarem em
segurança. Aqui ficam sempre alguns tratadores que dormem perto dos elefantes.
Quando são bebés, o tratador tem de dormir junto ao elefante. Um dos tratadores
contou-nos que quando são muito pequenos, estão sempre a acordar o tratador com
a tromba para beberem o biberão de leite de 15 em 15 minutos. Do local para
dormir fomos de trator pelo meio do parque até a um local onde os elefantes
estavam todos alinhadinhos. Já estavam à nossa espera para receberem a fruta.
Foi um encanto alimentar estes gigantes. Vêm ter connosco com a tromba para
lhes darmos a fruta e parecem crianças a “lutar” por um rebuçado. Os tratadores
vão falando com eles, entendem tudo e obedecem rigorosamente às ordens dos
tratadores. No final do balde, assim que eles se apercebem que não há mais
fruta, partem sozinhos para a vidinha deles no parque. Depois de darmos comida,
pudemos ficar no parque e acompanhar os elefantes na sua rotina de comer
vegetação e beber água num lago no parque. Andamos com eles, tocamos-lhes as vezes
que quisermos, tiramos fotos, abraçamo-nos à tromba, ... É uma experiência
altamente interativa e sem ser intrusiva do habitat deles. A maior delas era a
Sally, que também era a mais simpática e com quem passamos maior parte do
tempo.
Não deixam de ser animais selvagens, com a
diferença que tem fortes laços com os humanos, os tratadores, que tratam deles
desde muito cedo. A memória dos elefantes permite-lhes criar estes laços e
desenvolver uma relação muito próxima com os tratadores.
Depois dos elefantes fomos para Plettenberg Bay
deixar as nossas coisas ao hotel. No final da tarde ainda fomos visitar
Robberg, uma península de onde se pode avistar baleias, golfinhos, focas entre
outras belezas naturais. Fizemos um percurso à volta da península e logo no início
pudemos avistar uma baleia com a sua cria no mar. Mais á frente encontramos o
local onde as focas se reúnem. Este percurso foi interessante porque apesar de
serem trilhos de montanha, a dada altura estávamos cobertos de floresta e
caminhávamos sobre areia. Do outro lado da ilha descemos para uma praia.
Enquanto que do lado da baía o mar estava limpo e calmo, deste lado o mar
estava com muitas ondas e era espuma por todo o lado. Foi aqui que encontramos
outros turistas que também tinham vindo de Cape Town. Eram dois franceses que
vivem em Londres e que no verão passado estiveram no Algarve a jogar golfe.
Imagine-se que ficaram hospedados na pousada de Estoi, mesmo ao lado de nossa
casa :) O mundo realmente é pequeno, até mesmo em África. Ao longo do percurso
de regresso, fomos trocando ideias sobre África, mas também sobre o Algarve,
como não podia deixar de ser. Depois nós começamos a acelerar o passo e eles
ficaram para traz. Ainda os fomos encontrar mais tarde no supermercado :)
E chegou ao fim um dia repleto de aventura.
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