Dia 14
de Agosto
Esta manhã acordamos ao som da ventania que se
fazia ouvir lá fora. Fui à janela e vi as árvores a abanarem como se não
houvesse amanhã. Já me tinham avisado de que Cape Town era ventoso, mas assim
também é de mais. O vento era tal que temi pelo Citroen C1. Será que aguentaria
uma viagem nestas condições?
O que é certo é que nos tivemos de fazer ao
caminho. Despedimo-nos dos proprietários que são um casal muito simpático e
acolhedores e também do empregado, o Banda, que foi sempre de uma atenção
extraordinária. Por nós ficávamos por aqui uma semana, no mínimo.
O nosso itinerário hoje começava em Helderberg.
Saímos da praia para a montanha. Quando chegamos a Helderberg ainda andamos
algum tempo à procura do colégio. Não quisemos passar as coordenadas para o GPS
e depois dá nisto. Mas assim sempre fomos conhecer outras coisas que de outra
forma não víamos. Chegamos a Helderberg College que fica
no sopé da montanha. Entramos e o segurança nem nos perguntou nada, como se
fossemos gente conhecida. Visitamos a biblioteca, e alguns edifícios da
universidade, como o edifício de música e o departamento de teologia. Os
edifícios são muito antigos como se tivessem parado no tempo. Estavam a
decorrer algumas aulas à porta aberta e pareceram-nos que as turmas eram
pequenas. A maior parte das pessoas que vimos no colégio eram de cor escura.
A igreja do colégio estava aberta e foi a
melhor parte da visita. Um edifício de traços simples mas tão imponente por
fora, como impressionante por dentro. Pena não termos assistido a nenhum
serviço, porque com certeza seria algo muito interessante.
Saímos de Helderberg College com o tempo a
ameaçar chover.
Quando íamos no caminho para Stellenbosch
começou a chover e neste dia já não parou. Esta cidade tem uma arquitetura
muito própria e é uma cidade toda arranjadinha à semelhança de algumas cidades
do centro da Europa. Tem uma das universidades mais importantes da África do
Sul. Esta zona é também o centro mais importante de vinicultura da África do
Sul, onde estão grandes produtores de vinho. É aliás uma das principais
atrações desta zona. Como estava a chover intensamente, acabamos por nem sair
do carro e seguimos logo para Franschhoek.
Franschhoek é uma das cidades mais antigas da
África do Sul, onde chegaram em 1668 os Huguenotes.
Fomos visitar o monumento em memória dos Huguenotes e o museu. É interessante
que as ruas de Franschhoek têm nomes franceses e muitas das informações na
cidade estão em Afrikaans, Inglês e Francês. Também existem nesta área muitas
vinhas, o que deriva da influência dos Huguenotes franceses.
Como a chuva teimou em não parar, pusemo-nos
ao caminho para a nossa última paragem do dia: Hermanus. No caminho deparamo-nos com um arco íris como já não víamos à muito tempo.
Via-se completamente de um ponto a outro. A dada altura estavam quase a
formar-se dois. Um fantástico espetáculo da natureza.
Colocamos no GPS a morada do hotel em Hermanus
e lá fomos. Quando chegamos à cidade entramos num township e começamos a ver no
GPS que o hotel estava muito próximo. Querem lá ver que reservamos um hotel
dentro de uma township? Certamente que seria uma experiência interessante! Mas afinal quando chegamos ao ponto marcado
não havia hotel nenhum. Só barracas. Coloquei as coordenadas diretamente no GPS
em vez da morada e lá fomos parar a uma urbanização ao lado onde estava a nossa
Guesthouse. Na África do Sul as cidades são assim. Temos as urbanizações
decentes e logo ao lado, por vezes a um muro de distância, está uma township.
Mas aqui parece que ninguém se importa. A realidade é mesmo assim.
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