Africa do Sul 2012 - Diário 1 (9, 10 e 11 de Agosto)


Introdução
O continente Africano tem sido para mim uma fonte de fascínio e imaginação ao longo de toda a minha vida. Tenho uma costela Africana pois o meu pai e o meu avô são Moçambicanos. A minha mulher, também nasceu em África, uma áfrica diferente, mas ainda assim em África. Assim sendo, sem nunca ter estado nesta parte do planeta, alguma coisa nesta terra chamava por mim.
Partimos assim juntos nesta aventura: eu numa viagem ao desconhecido; ela de volta a uma terra que deixara para trás há quase 20 anos.

Estas linhas que vou escrevendo, serão partilhadas ao final do dia, quando houver Internet e disponibilidade física. A noite em África chega cedo e o cansaço das viagens vai ser muito. Por isso não se espere destes escritos uma obra literária, qual Saramago, já que o rigor literário será nulo. O meu objetivo é partilhar uma experiência na 1ª pessoa e, tanto quanto possível, em tempo real. Esta é a visão de um outsider que nunca esteve na África do Sul e vêm pela primeira vês a este imenso continente.

Dias 9, 10 e 11 de Agosto
Como previsto saímos de Lisboa por volta das 12:00 rumo a Frankfurt, onde chegamos às 16:00 (locais). Uma vez que o voo de ligação para Joanesburgo era só às 22:00, tivemos tempo para ir passear ao centro da cidade. Com a facilidade que se conhece do sistema de transportes Alemão. Apanhamos o comboio no aeroporto e passados 15 minutos e 5 estações, estávamos no centro.

Frankfurt
Uma cidade industrial mas moderna (pelo menos no centro). Muito comércio com lojas para todos os gostos e bolsas recheadas. Uma população jovem, a julgar pelos transeuntes que circulavam na cidade. Tudo malta nova. Poucos idosos se veem na rua.
Um aspeto curioso: apesar de todo o movimento típico de uma grande cidade, em Frankfurt não se houve barulho na rua. As pessoas falam baixo, os carros não fazem barulho, ... enfim consegue-se ouvir os pássaros nas árvores.
Para terminar a curta visita, comemos uns pretzels e lá voltamos ao aeroporto.

Joanesburgo
Depois da paragem em Frankfurt, voamos durante 10 horas até ao destino: Joanesburgo. O avião da Lufthansa A380 era bastante confortável e a qualidade do serviço ajudou a que o tempo passasse. Para ser melhor só se voássemos em 1ª classe. Mas ainda não conseguimos chegar a esse nível.
Ainda assim, foram servidas duas boas refeições e o sistema multimédia individual tinha entretimento para duas voltas ao mundo contínuas. Só conseguimos ver um filme e a muito custo, pois o cansaço rapidamente se apoderou de nós.
Á chegada ao aeroporto OR Tambo às 8:45 da manhã do dia 10, já tínhamos os nossos amigos à espera. Como sabe bem ter alguém à nossa espera quando chegamos a outro país. Eu como viajei muitas vezes sozinho e em trabalho, sei bem o que é chegar a algum lado e não ter ninguém para nos ajudar. Por acaso até tínhamos estado com estes amigos à pouco tempo em Portugal, mas foi uma enorme alegria voltarmos a encontrá-los agora em África.
Na viagem de saída do aeroporto passamos pelas largas estradas da savana africana e fomos avistando os vários condomínios onde moram as classes mais favorecidas. Passamos também por uma “township” que foi construída pelo governo para os mais desfavorecidos (não brancos). É impossível vir à África do Sul e não abordar a questão racial, pois esta é uma realidade despida de qualquer preconceito. Simplesmente existe e é aceite por todos. Sem qualquer preconceito racista ou sentido pejorativo, existem brancos, pretos e castanhos. Ponto final. "And that is cool!"
É interessante ver como as áreas urbanas estão definidas pelas classes sociais que ali habitam. No fundo um pouco à semelhança do que acontece em outras grandes cidades, como em Lisboa por exemplo, onde existem bairros maioritariamente de etnia africana. Aqui porém acontece algo interessante! Algumas zonas que em tempos eram habitadas por brancos, estão agora a ser gradualmente habitadas por não brancos. Desta forma o desenho da cidade vai evoluindo condicionado pelas movimentações das pessoas.
Neste dia fomos ainda dar uma volta por alguns shopping centers de Joanesburgo e visitamos o Montecasino: um local agradável onde para além do jogo existem muitas lojas e restaurantes para todos os gostos e para todas as gentes.
O dia seguinte foi um dia de nostalgia. Fomos visitar a antiga escola primária da minha esposa em Paterson Park e a creche onde ela também andou Coronation pre-pimary nursery school. Aqui que inevitavelmente as memórias começaram a surgir. Os edifícios estão exatamente na mesma como eram no seu tempo. Pudemos entrar nas salas e vimos que as mesas eram as mesmas que no seu tempo, bem como outros aspetos, como as casas de banho ou os afiadores de lápis que pareciam que tinham parado no tempo. Partilhamos algumas histórias que a memória teima em deixar apagar, como aquela da queda com a cabeça no cimento, na creche, que serviu de calmante para uma tarde de sono bem passada, entre muitas outras. E já lá vão mais de 20 anos desde que ela por ali passou! 
Nesse dia almoçamos com amigos portugueses e passamos uma tarde regalada de conversa e boa comida, à nossa boa maneira.
Á noite ainda tivemos tempo para dar uma saltada a Sandton city, um shopping center, que como o nome sugere, é tão grande que mais parece uma cidade de lojas e restaurantes. É neste local que se encontra uma estátua enorme do Nelson Mandela na praça que também tem o seu nome. É uma paragem obrigatória para os turistas. A estátua é enorme e até parece desproporcional, mas talvez tenha como propósito lembrar a quem por ali passa o trabalho iniciado por Mandela neste país.
No final do dia foi tempo de preparar de novo as malas para embarcar na manhã seguinte para Cape Town.

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