Introdução
O continente Africano tem sido para mim uma
fonte de fascínio e imaginação ao longo de toda a minha vida. Tenho uma costela
Africana pois o meu pai e o meu avô são Moçambicanos. A minha mulher, também
nasceu em África, uma áfrica diferente, mas ainda assim em África. Assim sendo,
sem nunca ter estado nesta parte do planeta, alguma coisa nesta terra chamava
por mim.
Partimos assim juntos nesta aventura: eu numa
viagem ao desconhecido; ela de volta a uma terra que deixara para trás há quase
20 anos.
Estas linhas que vou escrevendo, serão
partilhadas ao final do dia, quando houver Internet e disponibilidade física. A
noite em África chega cedo e o cansaço das viagens vai ser muito. Por isso não
se espere destes escritos uma obra literária, qual Saramago, já que o rigor
literário será nulo. O meu objetivo é partilhar uma experiência na 1ª pessoa e,
tanto quanto possível, em tempo real. Esta é a visão de um outsider que nunca esteve na África do Sul e vêm pela primeira vês a este imenso continente.
Dias 9,
10 e 11 de Agosto
Como previsto saímos de Lisboa por volta das
12:00 rumo a Frankfurt, onde chegamos às 16:00 (locais). Uma vez que o voo de
ligação para Joanesburgo era só às 22:00, tivemos tempo para ir passear ao
centro da cidade. Com a facilidade que se conhece do sistema de transportes
Alemão. Apanhamos o comboio no aeroporto e passados 15 minutos e 5 estações,
estávamos no centro.
Frankfurt
Uma cidade industrial mas moderna (pelo menos
no centro). Muito comércio com lojas para todos os gostos e bolsas recheadas. Uma
população jovem, a julgar pelos transeuntes que circulavam na cidade. Tudo
malta nova. Poucos idosos se veem na rua.
Um aspeto curioso: apesar de todo o movimento
típico de uma grande cidade, em Frankfurt não se houve barulho na rua. As
pessoas falam baixo, os carros não fazem barulho, ... enfim consegue-se ouvir
os pássaros nas árvores.
Para terminar a curta visita, comemos uns
pretzels e lá voltamos ao aeroporto.
Joanesburgo
Depois da paragem em Frankfurt, voamos durante
10 horas até ao destino: Joanesburgo. O avião da Lufthansa A380 era bastante
confortável e a qualidade do serviço ajudou a que o tempo passasse. Para ser
melhor só se voássemos em 1ª classe.
Mas ainda não conseguimos chegar a esse nível.
Ainda assim, foram servidas duas boas
refeições e o sistema multimédia individual tinha entretimento para duas voltas
ao mundo contínuas. Só conseguimos ver um filme e a muito custo, pois o cansaço
rapidamente se apoderou de nós.
Á chegada ao aeroporto OR Tambo às 8:45 da
manhã do dia 10, já tínhamos os nossos amigos à espera. Como sabe bem ter
alguém à nossa espera quando chegamos a outro país. Eu como viajei muitas vezes
sozinho e em trabalho, sei bem o que é chegar a algum lado e não ter ninguém
para nos ajudar. Por acaso até tínhamos estado com estes amigos à pouco tempo
em Portugal, mas foi uma enorme alegria voltarmos a encontrá-los agora em
África.
Na viagem de saída do aeroporto passamos pelas
largas estradas da savana africana e fomos avistando os vários condomínios onde
moram as classes mais favorecidas. Passamos também por uma “township” que foi construída pelo governo para os mais desfavorecidos (não brancos). É
impossível vir à África do Sul e não abordar a questão racial, pois esta é uma
realidade despida de qualquer preconceito. Simplesmente existe e é aceite por
todos. Sem qualquer preconceito racista ou sentido pejorativo, existem brancos, pretos e castanhos.
Ponto final. "And that is cool!"
É interessante ver como as áreas urbanas estão
definidas pelas classes sociais que ali habitam. No fundo um pouco à semelhança
do que acontece em outras grandes cidades, como em Lisboa por exemplo, onde
existem bairros maioritariamente de etnia africana. Aqui porém acontece algo
interessante! Algumas zonas que em tempos eram habitadas por brancos, estão
agora a ser gradualmente habitadas por não brancos. Desta forma o desenho da
cidade vai evoluindo condicionado pelas movimentações das pessoas.
Neste dia fomos ainda dar uma volta por alguns
shopping centers de Joanesburgo e visitamos o Montecasino: um local agradável
onde para além do jogo existem muitas lojas e restaurantes para todos os gostos
e para todas as gentes.
O dia seguinte foi um dia de nostalgia. Fomos
visitar a antiga escola primária da minha esposa em Paterson Park e a creche onde ela também andou Coronation pre-pimary nursery school. Aqui
que inevitavelmente as memórias começaram a surgir. Os edifícios estão
exatamente na mesma como eram no seu tempo. Pudemos entrar nas salas e vimos
que as mesas eram as mesmas que no seu tempo, bem como outros aspetos, como as
casas de banho ou os afiadores de lápis que pareciam que tinham parado no
tempo. Partilhamos algumas histórias que a memória teima em deixar apagar, como
aquela da queda com a cabeça no cimento, na creche, que serviu de calmante para
uma tarde de sono bem passada, entre muitas outras. E já lá vão mais de 20 anos
desde que ela por ali passou!
Nesse dia almoçamos com amigos portugueses e
passamos uma tarde regalada de conversa e boa comida, à nossa boa maneira.
Á noite ainda tivemos tempo para dar uma
saltada a Sandton city, um shopping center, que como o nome sugere, é tão
grande que mais parece uma cidade de lojas e restaurantes. É neste local que se
encontra uma estátua enorme do Nelson Mandela na praça que também tem o seu
nome. É uma paragem obrigatória para os turistas. A estátua é enorme e até
parece desproporcional, mas talvez tenha como propósito lembrar a quem por ali
passa o trabalho iniciado por Mandela neste país.
No final do dia foi tempo de preparar de novo
as malas para embarcar na manhã seguinte para Cape Town.
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